segunda-feira

Você sem jurisdição...

Te encontro
Em todos os meus versos,
Tudo o que falo,
É você.

Minha entrelinha
Te persegue,
Desesperadamente,
Calma, te nego,
Sempre.

Mas é falso o meu querer
Omitido estás aqui,
Você.

E o que sinto
Só eu vejo,
Só eu minto.

Nessa eterna confusão
Tento em vão,
Revogar a lei,
Que te aprisionou,
Dentro de mim.

                          Ane

E como dizia Clarice Lispector: Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido.”

quinta-feira

Animais dispersores de sementes

Na complexa trama que reveste a dinâmica do meio ambiente, a síndrome de dispersão das sementes e a polinização das flores são as dependências mais diretas que as plantas tropicais têm dos seres bióticos, constituindo uma relação crucial para a manutenção da vida.

Animais dispersores de sementes (zoocoria) inicialmente alimentam-se da produção das árvores para depois realizar a dispersão lançando novamente na natureza, podendo estas germinar e produzir novas árvores.

Para que ocorra a interação positiva entre as espécies dos reinos animal e vegetal, o modo de dispersão das plantas e a relação entre seus frutos e os animais têm grande importância, uma vez que é necessário que ocorra uma identificação entre estes para que o fenômeno aconteça.

Entre os animais, os principais agentes dispersores de sementes são os vertebrados, onde se destacam as aves e os morcegos, embora outros grupos também possam exercer esta função: mamíferos, roedores, peixes frugíveros, anfíbios e lagartos. Dentre os invertebrados, a formiga se destaca.

Outro aspecto importante é a dormência, cerca de 2/3 das espécies apresentam essa característica (atraso na germinação), um processo natural encontrado em várias plantas, prejudicado quando ocorre a falta de um agente dispersor, fazendo com que algumas plantas não germinem (mesmo quando a semente encontra temperatura, ar e umidade propícios para seu desenvolvimento), pois precisa passar pelo trato digestivo dos animais.

Nas florestas tropicais, aves e morcegos podem ser considerados os grandes responsáveis pela movimentação de sementes e frutos. As aves apresentam várias vantagens como agentes dispersores:  são animais de volume corpóreo relativamente grande; têm facilidade de deslocamento e um raio de ação com os quais praticamente nenhum outro animal possa rivalizar.

Ao mesmo tempo que espalham ou dispersam sementes como outras aves e animais, os papagaios são considerados também predadores de sementes, ou seja, são animais que comem e destroem-nas, mas ainda assim ajudam a balancear o número que podem germinar e de árvores a nascerem na floresta.

O fato de não consumirem o fruto na mesma árvore, faz dos morcegos eficazes dispersores de sementes, contribuindo significativamente para a variabilidade genética das espécies vegetais.

Assim como o esquilo, a cutia come algumas sementes e enterra as restantes para ter alimento em outra estação. Quando ela muda de território, esquece alguma semente ou predada por felinos, a semente abandonada germina e dá origem a nova planta. Por ser alvo de caçadores juntamente com a anta, a caça predatória desses animais ameaça a sobrevivência do jatobá e de outras 50 espécies de árvores de frutos grandes, que têm no animal seu único dispersor como palmeiras e castanheiras.


O mico-leão-dourado, primata que se alimenta de 88 espécies de frutos, é um dos animais que consta na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas de Extinção do MMA.

Enquanto a natureza se encarrega da distribuição das sementes e da regeneração da mata, o ser humano cumpre papel contrário. Além de lançar na água, no ar e no solo os mais diversos tipos de substâncias tóxicas e contaminadas, agride o ambiente capturando e matando animais silvestres e aquáticos e destruindo seus hábitat.


Muitas espécies vegetais e animais já desapareceram da Terra e outras estão seriamente ameaçadas. A causa da extinção de espécies são as mais diversas: mudanças no ambiente, falta de alimento causado pelo desmatamento para a agricultura e pecuária, dificuldades de reprodução, entre outros.

Sem contar que a caça predatória pode constituir em prática de crime ambiental, caçar e matar animal silvestre sem a devida permissão ou licença da autoridade competente, contrariando o Artigo 21 da Lei 905/98.

Outra grande ameaça à conservação é a perda de interações ecológicas mutualísticas (polinização e dispersão) e antagonisticas (predação de sementes e herbivoria).

Além disso, os animais desempenham um papel importantíssimo na recomposição de áreas degradadas e também são vitais para a manutenção da estabilidade ecológica. Quando estes depositam sementes de espécies vegetais pioneiras em áreas abertas criadas pelo homem, estão contribuindo para a recomposição ambiental.

A manutenção da vida nas florestas depende da interação entre planta e animal, relação esta que mantém em equilíbrio e constitui a biodiversidade no Planeta.

Fonte: Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Ciência Hoje On-line, Guardião da Natureza/BPA, MMA.

E como dizia Clarice Lispector: "A humanidade está ficando dura. Os fatos estão ficando contundentes."

Etiqueta Ambiental

Movimento Planeta Sustentável

O movimento tem o objetivo de fazer "parte da corrente que pretende amenizar nosso impacto sobre o ambiente e tornar a convivência social cada vez mais civilizada, afinal,  pequenos gestos podem conduzir a grandes mudanças se forem adotados por todos nós."

O que você precisa saber para fazer do planeta um lugar melhor:

Água: Ela até cai do céu, mas é um recurso esgotável e raro em muitos lugares do mundo. Se em apenas 5' você escova os dentes com a torneira aberta, 12 litros de água potável serão desperdiçados.

Energia Elétrica: O consumo cada vez maior requer a construção de mais usinas hidrelétricas e mais florestas vão desaparecer para dar lugar a elas. Acredite, o simples gesto de desligar as luzes  dos ambientes quando estiverem vazios pode ajudar a evitar mais construções de hidrelétricas.

Combustíveis: A queima dos combustíveis fósseis derivados do petróleo, como o diesel e a gasolina, é a maior responsável pela emissão dos gases que aumentam o efeito estufa e provocam o aquecimento global. Pense nisso antes de ir de carro à padaria da esquina.

Saiba mais: acesse o site www.planetasustentavel.com.br ou clique no banner do movimento no lado direito deste blog.

E como dizia Clarice Lispector: "Nada te posso garantir - eu sou a única prova de mim."

Teia Literária

Aproveitando a época em que se aproxima o Sarau Teia Literária Digital:




  "O Grande Espírito quis conhecer a totalidade de si mesmo e, por isso, transformou-se inicialmente em uma coruja ancestral. E como coruja, conseguiu ver-se além do vazio e da noite existiam de verdade. Então Ele viu quanto era vasto acima e abaixo, atrás e adiante. Quis, então conhecer todas as suas dimensões e, por isso, transformou-se em um beija-flor. E percorreu rapidamente todas as suas dimensões. E conheceu o pequeno e o grande, o médio e o alto. E conheceu a superfície e a profundidade e reconheceu o valor e o poder de cada coisa e viu como cada parte se encaixa no Todo e viu como o Todo está em cada parte. Conheceu a importância dos pequenos gestos, dos pequenos atos, dos pequenos serviços, pois viu que, de parte por parte, se faz a Teia da Vida."
                                                               Kaká Werá Jecupé

O autor é índio de origem tapuia, escritor, ambientalista, conferencista, educador, terapeuta e fundador do Instituto Arapoty, uma organização voltada para a difusão dos valores sagrados e éticos da cultura indígena.


Participa da rede Ashoka de Empreendedores Sociais e também conselheiro da Bovespa Social & Ambiental. Leciona na Universidade da Paz (UNIPAZ) e na Fundação Peirópolis. Proferiu palestras em diversos países. Dentre os livros publicados, dois foram selecionados pelo MEC para o PNDL. Suas publicações incluem: Tupã Tenondé, A terra dos mil povos - História indígena do Brasil contada por um índio, As fabulosas fábulas de Iauartê e Oré Awé - Todas as vezes que dissemos adeus.

E como dizia Clarice Lispector: "O corpo é a sombra de minha alma."

terça-feira

Receitas com castanha-da-amazônia

Aproveitando o grande potencial nutritivo e por que não dizer saboroso da castanha-da-amazônia (a nossa tradicionalmente conhecida castanha-do-pará que, conforme já postamos aqui no blog,  foi determinado mudar a nomenclatura de acordo com a Convenção Mundial de Frutos Secos), resolvi postar algumas receitas utilizando a matéria prima.

Antes, mais algumas considerações sobre os valores nutricionais da castanha:

- Possui um alto teor calórico por ter uma taxa de óleo de cerca de 50%.
- Fornece magnésio, que intervém na atividade cardíaca e muscular, além de agir no funcionamento de células nervosas e na formação dos ossos.
- Contém ômega 3, que melhora a concentração, a memória, habilidades motoras, velocidade de reação, neutraliza o stress e atua na prevenção de doenças degenerativas cerebrais. Além disso, atua como elemento protetor, prevenindo doenças cardiovasculares.
- Outro micronutriente é o selênio (encontrado em outros alimentos em menor quantidade com fígado, peixe, crustáceos, ovo, brócolis, nozes e couve), que traz entre outros benefícios o retardamento do envelhecimento da pele pois combate os radicais livres, melhora a resposta imunológica do organismo, é essencial para a formação do T3 (hormônio que atua no funcionamento da tireóide), ajuda na prevenção do câncer.
- A ingestão recomendável é de 0,05 a 0,1 miligrama por dia – uma castanha já supre a necessidade no organismo.

Voltando ao assunto deste post, as receitas são bem fáceis, podem experimentar, porque é certeza de sucesso com toda sua família! Veja algumas das receitas que em breve estarão aqui no blog:

Biscoito amanteigado com castanha-da-amazônia I (a receita de hoje);
Bolo de castanha-da-amazônia;
Palha Italiana com castanha-da-amazônia;
Biscoito amanteigado com castanha-da-amazônia II.

Biscoito amanteigado de castanha-da-amazônia I

Ingredientes:
2 xícaras de farinha de trigo
¾  xícara de castanha-da-amazônia torrado e moída
1 pitada de sal
2 xícara de manteiga
3 colheres de sopa de açúcar

Modo de preparo:
Misture todos os ingredientes e amasse rapidamente até obter uma massa homogênea. Abra com o rolo de macarrão numa superfície lisa e polvilhada com farinha. Corte com um cortador para biscoito (ou faça bolinhas) e coloque numa assadeira untada com manteiga. Asse em forno pré-aquecido por 10 minutos ou até dourar ligeiramente. Deixe esfriar na própria assadeira. Polvilhe com açúcar.

segunda-feira

Bioespuma Urgenteeee!!!

A Bioespuma é um composto biodegradável elaborado como alternativa para substituir o isopor. Para saber sobre o isopor leia o artigo postado anteriormente neste blog.

Longe de ser considerado ambientalmente amigável o poliestireno expandido (EPS) – isopor é um dos produtos mais utilizados para embalagens devido a leveza e resistência que proporciona. Subproduto do petróleo e não biodegradável, o isopor é de difícil reciclagem, cuja incineração produz gases tóxicos e que leva 500 anos para se decompor na natureza, o que constitui um sério problema ambiental por ser descartado nos lixões a céu aberto.

A matéria prima da Bioespuma é obtida a partir de produtos naturais renováveis como plantas e sementes: o óleo de mamona, a cana-de-açúcar, a soja ou o amido de milho. Sua composição permite que a deterioração ocorra mais rapidamente, cerca de 2 anos na presença de oxigênio e 3 anos na ausência deste para que desapareça completamente do meio ambiente.

A ação da luz e do calor acelera a degradação da Bioespuma, fato este que explica porque no verão ocorre mais rapidamente (3 meses). Além de ser biodegradável, no processo de fabricação não são produzidos resíduos tóxicos e ter baixo gasto energético, é segura em casos de incêndios, pois não é tóxica e nem propaga chamas.

Alguns países europeus proibiram a comercialização de produtos que continham o isopor em sua produção, a demanda contínua para a fabricação de embalagens fez com que os estudos intensificassem na produção de um biomaterial.

Surge a Bioespurma,  o nome comercial patenteado do material desenvolvido pela empresa Kehl Polímeros, do químico e economista Eduardo Murgel Kehl, da cidade São Carlos – SP, com parceria com a UNICAMP. Aplicada em produtos como bandejas para comercialização de frutas e legumes, embalagens para aparelhos eletrônicos, suportes para plantio de mudas e sementes com nutrientes agregados, tapetes absorventes para produtos químicos e barreira nos vazamentos de óleo em rios e oceanos.

Produzida pela reação de dois tradicionais produtos da área poliuretana um poliol e um isocianato. Quem determina a característica de biodegrabilidade é o novo poliol utilizado, já que no isocianato utilizado não há nenhuma modificação. Os principais tipos de isocianato utilizados são tolueno disocianato e metileno disocianato. O processamento do poliol da bioespuma é idêntico ao tradicional. Para a produção da bioespuma é utilizada uma máquina que misturas qantidades exatas e conhecidas de poliol e isocianato, conhecida como injetora poliuretana. A reação ocorre a temperatura ambiente sem a necessidade de nenhuma mudança ou instalação de dispositivos especiais na injetora. 

Todos os materiais que formam a bioespuma são biodegradáveis. "Fizemos testes no laboratório do CPQBA, seguindo as normas da American Society for Testing and Materials (ASTM) aceitas mundialmente. A Bioespuma se degrada em dois anos na presença do oxigênio e em torno de três anos em ambientes sem oxigênio", diz o químico Ricardo Vicino, coordenador da pesquisa. Segundo Vicino, a decomposição pode ocorrer em até 6 meses em ambientes que favoreçam o desenvolvimento de microorganismos, como um lixão a céu aberto.

"Existem três nichos de mercado onde a Bioespuma pode atuar. Um é o de calço de embalagens para a indústria eletroeletrônica. Outro é na área agrícola, onde ela pode ser usada como substrato de crescimento para mudas e sementes. O terceiro nicho seria o de embalagens descartáveis para alimentos", diz Vicino. "No setor agrícola, a Bioespuma substituiria a espuma fenólica, e na área de embalagens, o poliestireno expandido (EPS).


E como dizia Clarice Lispector: "O que poderia uma abelha viva de pavor querer na escura vida de uma flor?"