domingo

Darwin II: Onde está Wallace?

Uma coincidência abalou Darwin em 1858: Alfred Russel Wallace formulou de forma independente conclusões idênticas às suas. Wallace, assim como Darwin viajou para outros continentes e também estivera no Brasil, o pesquisador inglês estudou a fauna e a flora da região Amazônica ao percorrer as margens dos rios Negro e Vaupés, levando-nos a crer que nossas florestas exuberantes nos garantiram um lugar de destaque no processo de descobertas dos mecanismos pelos quais se processam a evolução natural das espécies.

Com a publicação de seu livro em 1859 – um dos mais importantes da história da humanidade, Darwin lançou a Teoria da seleção natural que afirma que indivíduos de determinada população, que apresentam variações vantajosas para a sobrevivência em um ambiente particular, são selecionados positivamente, deixando maior número de descendentes que os indivíduos que não as apresentam, popularmente denominada a "lei do mais forte".


Embora alguns cientistas dividam a glória da grande descoberta entre Darwin e Wallace, eles nunca foram íntimos, mas mantiveram algum contato, foi através de correspondências mantidas com Wallace que Darwin tomou conhecimento da pesquisa de Wallace.

As anotações de Darwin confirmaram que ele concebeu sua teoria 15 anos antes de Wallace, e este admitiu que Darwin havia sido o pioneiro. Sete anos após o falecimento de Darwin que adquiriu a doença de Chagas quando esteve na América do Sul, Wallace publicou um livro que intitulou Darwinismo. Mas acabou por permanecer em segundo plano na história.
     
Darwin propôs um mecanismo inovador para a evolução – a seleção natural, estabelecendo um novo ramo para a história natural, desde então a Biologia nunca mais foi a mesma, ou como diria o geneticista Theodosius Dobzhansky: “Nada em Biologia faz sentido, a não ser à luz da evolução”.

A confusão gerada ainda hoje é que Darwin considera um parentesco entre todas as espécies, até mesmo a humana, levando a elaboração de charges errôneas com representação do Homo sapiens a partir de uma sucessão progressiva de espécies como a do macaco.


Muita discussão foi gerada a respeito dessa falsa ideia, que uma vez disseminada entre a sociedade perdura até hoje com a famosa frase: "O homem veio do macaco", e acreditam que vem de Darwin essa teoria, na realidade uma injusta interpretação de seus escritos.


Apesar da semelhança, essa representação é inadequada, denota desconhecimento científico, uma vez que Darwin nunca disse que o homem descende do macaco, mas sim que os seus ancestrais são os mesmos, em algum ponto de sua história evolutiva eles evoluíram paralelamente, ao mesmo tempo, de formas diferentes, então um não pode descender do outro porque evoluíam juntos.


O esquema abaixo mostra a relação evolutiva da ordem dos primatas, que dividem-se em duas subordens: os prossímios (társios e lêmures) e os antropóides (representados pelos macacos e os seres humanos). A superfamília Hominoidea é formada pelas famílias: Hylobatidae (gibão), Pongidae (gorila, chimpanzé e orangotando) e Hominidae (ser humano e seus ancestrais fósseis mais próximos).




Apesar da análise de sequências de DNA comprovarem que chimpanzés, gorilas e orangotangos são os nossos parentes evolutivos mais próximos, a linhagem que originou nossa espécie e os outros espécimes da superfamília Hominoidea devem ter se separado entre 7 e 4 milhões de anos atrás, a partir daí ambos evoluíram separadamente e acumularam diversas modificações.


Nas últimas décadas, descobertas arqueológicas têm reforçado a teoria que o sapiens  se desenvolveu na África e migrou para o restante do planeta, novas espécies de hominídeos foram descritas, o que levou à reforma da árvore genealógica da humanidade e ao reconhecimento da variabilidade de nichos ecológicos ocupados por hominídeos, como prevera Darwin.


O homem moderno é a única espécie remanescente da família dos hominídeos e do gênero Homo que reúne os ancestrais do homem, todos já extintos. Continua...

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