segunda-feira

Plástico: mal necessário?


Com a revolução das embalagens os plásticos (polímeros derivados do petróleo) substituíram o papel, o vidro e as latas pela sua diversificada aplicação. A praticidade desses materiais que pareciam inofensíveis está ameaçada por pesquisas recentes que vem revelando que esse material não é a melhor opção para o transporte de alimentos.

Muitas pessoas não associam a periculosidade do polímero com um simples número gravado nas embalagens. A classificação de número 7 (policarbonato) indica que são feitos a partir da substância bisfenol A (BPA), fenol utilizado como matéria prima industrial na produção de polímeros e como estabilizante em plásticos à base de cloreto de polivinila – PVC, para melhorar a maleabilidade, pois sem ela o plástico fica duro e quebradiço.

As pesquisas apontam efeitos danosos do BPA em animais e no reconhecimento de que esta substância se infiltra em alimentos. Como em quase todos os tipos de plástico duro contém o químico (garrafas de bebidas, embalagens de alimentos, óculos, computadores, celulares, copos, potes, estantes, dispositivos médicos e dentários, brinquedos, peças de carro, DVD, eletrodomésticos, revestimento de enlatados, entre outros), toda a população está exposta, inclusive desde o útero.

A maior preocupação, portanto é com a exposição em grávidas e crianças pequenas, sugere-se que os pais usem utensílios de vidro para potes, mamadeiras e copinhos para alimentarem seus filhos enquanto o BPA não é proibido para comercialização.

O risco à saúde está no aquecimento (aumenta a taxa de transmissão do BPA) de líquidos dentro da mamadeira, como o leite, por exemplo, contaminando-o.

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, a quantidade de BPA permitida para a produção de plásticos de 0,6 mg por quilo do produto não chega a afetar a saúde.

Apesar disso a Sociedade Brasileira de Pediatria – SBP aconselha a suspensão do uso por não haver níveis seguros.

A agência que controla alimentos e remédios nos Estados Unidos, Food and Drug Administration – FDA declarou ter "algumas preocupações sobre os efeitos potenciais do BPA no cérebro, no comportamento e na próstata de fetos, bebês e crianças."

Recentemente a agência fez um alerta pedindo que os pais reduzissem a exposição de seus filhos às embalagens plásticas como mamadeiras, chupetas e até brinquedos.

Países como o Canadá (indústria de produtos infantis), Dinamarca, Costa Rica e alguns estados americanos já proibiram a venda de plásticos contendo BPA, por considerarem seu potencial cancerígeno.

Produtos sem o bisfenol A já são fabricados e comercializados com o rótulo “BDA Free”.

As recomendações sugeridas pelas autoridades sanitárias para minimizar a exposição ao bisfenol A são, entre elas: jogar fora garrafas arranhadas ou gastas, não colocar líquidos quentes em copos ou garrafas (como mamadeiras) e verificar os rótulos de recipientes para ter certeza se eles podem ser usados no micro-ondas.

Um estudo feito pela Universidade de Cleveland indica que 90% dos adultos têm traços da substância no organismo pelo uso de garrafas de policarbonatos.

Pesquisadores comprovaram ainda que o BPA desregula a quantidade de hormônios naturais do indivíduo, podendo inclusive imitar ou substituir hormônio feminino estrógeno ao desenvolver atividade semelhante.  As taxas de hipotireoidismo e de puberdade precoce, principalmente em meninas, podem aumentar em contato com a substância.

Estudos feitos com cobaias têm demonstrado que o bisfenol A tem ação cardiovascular, neurológica, causa diabetes, afeta os fetos no período gestacional, além de provocar disfunções sexuais, a redução na contagem de esperma, feminização de macho e ter relação com o desenvolvimento de células cancerígenas em órgãos como a próstata.

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