terça-feira

A rainha da floresta

A Bertholletia excelsa, castanheira, é uma espécie vegetal de importância ambiental para a Amazônia. A árvore vive até 800 anos e chega a atingir até 60 m de altura por quatro metros de diâmetro na base do tronco.
    
Tem por habitat a mata virgem de terra firme, sempre associada a outras espécies vegetais de grande porte, mas é a única que se destaca pela altura de sua copa. Sua distribuição abrange as partes amazônicas do Brasil, Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela, Suriname, Guiana e Guiana Francesa.
    
Sua importância do ponto de vista ecológico é fundamental para a manutenção da biodiversidade. A castanheira é uma planta alógama (necessita de polinização cruzada para que ocorra a frutificação) que depende da mata nativa para sua reprodução, com os desmatamentos e as queimadas o habitat do agente polinizador (inseto Hymenoptero do gênero Bombus spp.) é destruído e elas não dão frutos.


                                                             amazonia.org
  
Outros fatores contribuem para espécie estar ameaçada de extinção no Brasil, segundo dados do MMA, consequências do fenômeno do desmatamento por sua madeira de excelente qualidade: mudanças no microclima da floresta com variação de temperatura e umidade, o solo fica desprotegido suscetível à erosão e à perda de nutrientes, a floresta fica exposta à insolação e aos ventos.
     
Exemplares nativos da castanheira passaram a ser protegidos por lei (Decreto de 19 de outubro de 1994), a proibição do corte das castanheiras é uma tentativa de preservar a espécie frente o avanço das fronteiras agrícolas.
     
Geralmente as castanheiras dão frutos em janeiro. Variados animais como a cutia, participam da dispersão das sementes, essencial para a manutenção da espécie. Os guaribas (macacos) se alimentam das flores e folhas novas, as araras, assim como o vento, derrubam o fruto (ouriço) que tem o tamanho aproximado de um coco e chega a pesar 2kg.
      
O fruto é esférico e possui uma casca muito dura que pode abrigar até de 24 sementes (amêndoa comestível) ordenadas como gomos de laranja. Dependendo do tamanho, e é aberta por poucos animais, como a paca. As sementes demoram entre 12 a 18 meses para brotar.
     
A semente é conhecida mundialmente como Brazil nut “castanha-do-brasil” mas popularmente é chamada de “castanha-do-Pará”. Em 92 foi realizada em Manaus a Convenção Mundial de Frutos Secos, na qual decidiu-se padronizar o nome comercial para a semente, passando então a ser denominada castanha-da-amazônia.
     
A aplicação comercial mais lucrativa é a amêndoa da castanheira, pelo seu alto valor agroindustrial, sendo considerada um dos produtos mais exportados da região norte pelos produtores extrativistas.


A amêndoa é rica em proteínas, lipídios e vitaminas, além de conter selênio (mineral), substância que reduz o risco de cânceres, combate os radicais livres (moléculas que danificam as células), fortalece o sistema imunológico e atua no equilíbrio da tireóide. Pode ser consumida pura, torrada ou em forma de farinha e na fabricação de doces e sorvetes. O óleo extraído pode ser usado na produção de cosméticos e de tintas.
     
Atualmente a Bolívia domina o mercado mundial com 58% da produção, o Brasil representa apenas 32%. A maior produtividade é do estado do Acre, contudo a extração de castanha no Brasil vem declinando, a extração ainda é artesanal em muitas comunidades devido as dificuldades no processo de beneficiamento como a falta de tecnologia, níveis sanitários e, principalmente, valor agregado.
    
A qualidade do produto final pode ser afetada pelo transporte e e forma de armazenamento podendo aumentar o risco de contaminação. O grau de umidade pode ser fator preponderante para a formação de micotoxinas causadas por fungos prejudiciais à saúde.
      
O manejo das populações nativas deve visar a sustentabilidade da indústria de beneficiamento, através da implantação de plantios racionais de castanheiras para garantir uma oferta confiável e da formação de estoques adequado em áreas mais próximas e acessíveis dos locais estruturados de beneficiamento, além de promover a regeneração da espécie e a manutenção da fauna dependentes dos frutos da castanheira.


Saiba mais: http://www.embrapa.br/ e http://www.wwf.org.br/.

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